Começou a chover. É sempre
assim. Ele nunca está satisfeito com nada. A maior parte da vida foi passada na
ociosidade das horas. Poderia viver melhor sem a família. Morar sozinho é um
desafio só encarado pelos corajosos. Covardes, passam a vida inteira morando
debaixo do teto dos pais. Está chovendo? Ele indaga. Não. Tá “chuvispingando”. A vida é assim:
casa, trabalho, escola, casa, trabalho, escola, casa... num movimento circular.
Sair de casa para o trabalho é desanimador. Sair do trabalho é confortador.
Encarar a escola é bom e mau. “A vida que leva não é vida”. Mas que lorota ele
acabara de pensar. Todas as palavras acima: só besteira. A chuva agora é um
verdadeiro toró. Chuvas, como esta, limpam a cidade e as ruas ficam puras. A
água limpa tudo e... Ah, o escoadouro. Ele sente como se estivesse na
enxurrada, misturando-se com a água e as sujeiras que ela empurra. E a única
saída é a sarjeta.
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