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domingo, 23 de agosto de 2015




Traços num fundo branco... Tinta preta sobre o papel... As obras do artista plástico Leonilson em exposição no CCBB (Praça da Liberdade) são como lembranças. Assim se define numa das salas como “Os trabalhos são como diários”, onde traços finos, pessoas minúsculas, bordados, colagens, compõe os “grandes campos brancos para bordar”.

Numa das salas intitulada “Os 1991”, fixaram com pregos (diretamente nas paredes) alguns trabalhos, principalmente as lonas. Curioso. A acrílica sobre lona “Os rios por meu fluído entrego meu coração” de 1992 (um ano após a descoberta da doença que o vitimou em 1993) revela a sensibilidade diante do inevitável, com o acréscimo de cores fortes e vibrantes. 


Sua última obra – que não viu ser finalizada – é uma instalação na capela do Morumbi. Na exposição foram mantidas as mesmas proporções. E na sala onde está parece algo espacial, algo de enquadramento e que me lembrou o estilo visual do cineasta Stanley Kubrick chamado de “One-Point Perspective”. Enfim, um belo trabalho do Leonilson. 


domingo, 2 de agosto de 2015

TETSUO: O HOMEM DE FERRO



Há dor na transformação. Há dor na mutação. O filme TETSUO: O HOMEM DE FERRO (1989) do diretor Shinya Tsukamoto retrata a dor e o sofrimento de um personagem que se transforma/metamorfoseia num ser literalmente de ferro. Isto me fez lembrar do livro “A Metamorfose” de Franz Kafka, onde um homem acorda e se vê transformado num inseto. É a transformação, a ruptura, a mudança dos paradigmas da realidade. E esta ruptura se percebe na trilha sonora: ruídos, barulhos, sons exagerados durante os 67 minutos do filme. A película apresenta poucos diálogos, como se nesta “transformação” não há muito que dizer e sim, mostrar. Filmado em preto e branco, TETSUO: O HOMEM DE FERRO se dilacera em meio às ferragens que consomem o seu corpo.

Na animação AKIRA (1988) de Katsuhiro Otomo há um personagem (coincidentemente) de nome “Tetsuo” em que se transforma numa coisa/máquina após as experiências que ele sofreu nas mãos dos militares.

E também, no filme A MOSCA (1986), de David Cronenberg, cujo personagem se transforma numa mosca após as experiências de tele transporte.

Transformar-se numa nova “coisa” é subverter a realidade. É fugir ao padrão de que o ser é constituído. É como uma regra: se você quer se transformar, haverá dor, haverá sofrimento.