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domingo, 26 de maio de 2019

IMPERFEITA DESARMONIA




da série: LIVROS!

“o colapso
é um lapso
de memória
é um erro
de trajetória”

A perfeita harmonia destes versos não retratam o livro IMPERFEITA DESARMONIA de Fernando Antônio Fonseca (Editora Scortecci, 2016). Talvez o autor quisesse apenas ser irônico. O que no final das contas deu certo.

Os versos de Alberto Caeiro que abrem o livro, “o Universo não é ideia minha. A minha ideia do universo é que é uma ideia minha”, revelam como a escrita de Fernando Antônio lança luz sobre os temas de sua poesia. As ideias de espaços, de corpos, de partículas se fundem aos mistérios da vida.

Em artigo do professor Anelito de Oliveira na revista OROBÓ (1997), o “rompimento em direção à vida, esse mundo sujo, imperfeito, desarmônico, por isto mesmo superbelo, diante do qual todo purismo já nasce sem sentido”.  Nada mais imperfeito que o tempo nestas perfeitas estrofes de “Tempo” (p.31):

“nem tudo é o que parece:
vultos na neblina
carruagens me resgatam
na fumaça inodora...”

Sobretudo quando o poeta trata de temas mórbidos como no poema “Banquete de vermes” (p.45), evocando Augusto dos Anjos numa imperfeita desarmonia.


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