da série: LIVROS!
“O pelotão em marcha
atravessa pés de mulungus
e imprime no asfalto
Uma chacina de flores”
Uma poeta que ama a fotografia e nos apresenta versos
como se fossem fotos: instantes aprisionados no tempo. Sobretudo, se pensarmos
o tempo como algo inesgotável. E dependendo do local parece não ter fim.
Numa bucólica fazenda onde o tempo parece repousar, os
objetos transcendem numa forma poética em CORPOS EM MARCHA de Simone Andrade (Ed. Scriptum,
2015).
Capaz de extrair dos objetos matéria prima de sua
poesia, tais objetos desta fazenda como o pilão, o moinho, o sino nos remetem
ao movimento. São corpos em marcha, corpos em
movimento – na sutileza das palavras.
Corpos em direção ao seu destino. Ora
cruel, ora vital. Bois, cavalos, galinhas, porcos, peixes, seres de uma fazenda
imaginária, “no ritmo das coisas da vida”. Terra, vegetação, animais – a natureza tudo pulsa ao redor da descoberta.
E na belíssima capa da artista
plástica Leonora Weissmann, um escafandrista posa diante destes versos que compõe os “corpos em marcha”.