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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

SOB O DOMÍNIO DA ASPEREZA


da série: LIVROS!


SOB O DOMÍNIO DA ASPEREZA

“É tarefa do escritor retratar as realidades:
as realidades sórdidas,
as realidades que causam enlevo”.
SUSAN SONTAG

Amargor, aspereza no trato, rudeza, sabor ácido, irritado, mau humor. Características apresentadas no livro AZEDUME (Artinamarra, 40 páginas, 2009) de Sylvia Marteleto. Sob o selo da Artinamarra onde são publicados livros “na marra” e com o incentivo (cultural e monetário) digno a todo aquele que expõe sua arte independentemente, a autora lançou no mercado seu segundo livro de contos. No início do livro, uma epígrafe: um trecho de Dom Casmurro, de Machado de Assis que fala da “alma da gente”. Chamo a atenção para a comparação das casas de poucas janelas como conventos e prisões. Nos contos as personagens se apresentam como casas deste tipo. Possuem raras ou minúsculas janelas que nelas possam atravessar alguma luz de esperança em suas vidas amargas.
O que se leva em consideração é a vida azeda e ácida das personagens. Trata da possibilidade e da impossibilidade das relações humanas de convivência entre si. As decepções e angústias da vida moderna. No conto “Sobre duas amigas vedetes”, a personagem Lily se depara com o abandono dos sonhos em decorrência do sucesso de um outro concorrente num cabaré. Resolve abandonar a carreira e torna-se amarga com sua amiga e parceira de espetáculo.
Em “O Julgamento”, almas perdidas e amedrontadas de serem expulsas até do próprio inferno, revelam suas lamentações diante do Príncipe do Mal.

Sylvia nos brinda com estes personagens azedos – meros seres fadados ao fracasso. AZEDUME pode ser considerado um livro sob o domínio da aspereza. Mas também sob o domínio da inteligência. 

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