da série: LIVROS!
SOB O DOMÍNIO DA ASPEREZA
“É tarefa do escritor retratar as
realidades:
as realidades sórdidas,
as realidades que causam enlevo”.
SUSAN SONTAG
Amargor, aspereza no trato, rudeza, sabor ácido,
irritado, mau humor. Características apresentadas no livro AZEDUME (Artinamarra, 40 páginas, 2009) de Sylvia Marteleto. Sob o
selo da Artinamarra onde são
publicados livros “na marra” e com o incentivo (cultural e monetário) digno a
todo aquele que expõe sua arte independentemente, a autora lançou no mercado
seu segundo livro de contos. No início do livro, uma epígrafe: um trecho de Dom
Casmurro, de Machado de Assis que fala da “alma da gente”. Chamo a atenção para
a comparação das casas de poucas janelas como conventos e prisões. Nos contos
as personagens se apresentam como casas deste tipo. Possuem raras ou minúsculas
janelas que nelas possam atravessar alguma luz de esperança em suas vidas
amargas.
O que se leva em consideração é a vida azeda e ácida
das personagens. Trata da possibilidade e da impossibilidade das relações
humanas de convivência entre si. As decepções e angústias da vida moderna. No
conto “Sobre duas amigas vedetes”, a personagem Lily se depara com o abandono
dos sonhos em decorrência do sucesso de um outro concorrente num cabaré.
Resolve abandonar a carreira e torna-se amarga com sua amiga e parceira de
espetáculo.
Em “O Julgamento”, almas perdidas e amedrontadas de
serem expulsas até do próprio inferno, revelam suas lamentações diante do
Príncipe do Mal.
Sylvia nos brinda com estes personagens azedos – meros
seres fadados ao fracasso. AZEDUME
pode ser considerado um livro sob o domínio da aspereza. Mas também sob o
domínio da inteligência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário