Ele joga tinta sobre a tela camada por camada sem diluição da
mesma e o resultado: alto relevo numa confusão de cores! As tintas parecem
ondular nos quadros, num movimento contínuo...
UM TRÁGICO NOS TRÓPICOS é o título da Mostra
de quadros do artista gaúcho Iberê Camargo (1914-1994). Como ele próprio se definiu: “Não, meu
coração não é maior que o mundo, é muito menor. Nele não cabem minhas dores”.
Na série “Tudo te é falso e inútil” é de uma
profundidade sem fim: sujeitos isolados num mundo sem cores. Assustador e
bonito.
Não se percebe uma explosão de cores vivas
como num Van Gogh e sim uma apresentação de cores neutras (preto, cinza,
marrom) e formas geométricas, onde a cor vermelha é apenas um detalhe. Ele usa
pinceladas bruscas, riscos, rabiscos...
constrói e desconstrói a obra até chegar a sua perfeição.
Iberê Camargo no fim de sua
vida resolveu retratar ciclistas em suas telas. Figuras esquisitas, ciclistas
estranhos. Situados em ambientes desolados
contrastando com a beleza da vida.
“Sou um andante. Carrego comigo o fardo do meu passado. Minha bagagem
são os meus sonhos. Como meus ciclistas, cruzo desertos e busco horizontes que
recuam e se apagam nas brumas da incerteza.” Descreve o artista.
Realmente... um “trágico nos trópicos”...
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