Há dor na transformação. Há dor na
mutação. O filme TETSUO: O HOMEM DE FERRO (1989) do diretor Shinya Tsukamoto
retrata a dor e o sofrimento de um personagem que se transforma/metamorfoseia
num ser literalmente de ferro. Isto me fez lembrar do livro “A Metamorfose” de
Franz Kafka, onde um homem acorda e se vê transformado num inseto. É a
transformação, a ruptura, a mudança dos paradigmas da realidade. E esta ruptura
se percebe na trilha sonora: ruídos, barulhos, sons exagerados durante os 67
minutos do filme. A película apresenta poucos diálogos, como se nesta
“transformação” não há muito que dizer e sim, mostrar. Filmado em preto e
branco, TETSUO: O HOMEM DE FERRO se dilacera em meio às ferragens que consomem
o seu corpo.
Na animação AKIRA (1988) de Katsuhiro
Otomo há um personagem (coincidentemente) de nome “Tetsuo” em que se transforma
numa coisa/máquina após as experiências que ele sofreu nas mãos dos militares.
E também, no filme A MOSCA (1986), de
David Cronenberg, cujo personagem se transforma numa mosca após as experiências
de tele transporte.
Transformar-se numa nova “coisa” é
subverter a realidade. É fugir ao padrão de que o ser é constituído. É como uma
regra: se você quer se transformar, haverá dor, haverá sofrimento.
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