da série: LIVROS!
“o
colapso
é
um lapso
de
memória
é
um erro
de
trajetória”
A
perfeita harmonia destes versos não retratam o livro IMPERFEITA DESARMONIA de Fernando Antônio Fonseca (Editora Scortecci,
2016). Talvez o autor quisesse apenas ser irônico. O que no final das contas
deu certo.
Os
versos de Alberto Caeiro que abrem o livro, “o Universo não é ideia minha. A minha ideia do universo é que é uma
ideia minha”, revelam como a escrita de Fernando Antônio lança luz sobre os
temas de sua poesia. As ideias de espaços, de corpos, de partículas se fundem
aos mistérios da vida.
Em
artigo do professor Anelito de Oliveira na revista
OROBÓ (1997), o “rompimento em direção à
vida, esse mundo sujo, imperfeito, desarmônico, por isto mesmo superbelo,
diante do qual todo purismo já nasce sem sentido”. Nada mais imperfeito que o tempo nestas
perfeitas estrofes de “Tempo” (p.31):
“nem
tudo é o que parece:
vultos
na neblina
carruagens
me resgatam
na
fumaça inodora...”
Sobretudo
quando o poeta trata de temas mórbidos como no poema “Banquete de vermes”
(p.45), evocando Augusto dos Anjos numa imperfeita desarmonia.