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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Corpos em Marcha




da série: LIVROS!

“O pelotão em marcha
atravessa pés de mulungus
e imprime no asfalto
Uma chacina de flores”


Uma poeta que ama a fotografia e nos apresenta versos como se fossem fotos: instantes aprisionados no tempo. Sobretudo, se pensarmos o tempo como algo inesgotável. E dependendo do local parece não ter fim.

Numa bucólica fazenda onde o tempo parece repousar, os objetos transcendem numa forma poética em CORPOS EM MARCHA de Simone Andrade (Ed. Scriptum, 2015).

Capaz de extrair dos objetos matéria prima de sua poesia, tais objetos desta fazenda como o pilão, o moinho, o sino nos remetem ao movimento. São corpos em marcha, corpos em movimento – na sutileza das palavras.

Corpos em direção ao seu destino. Ora cruel, ora vital. Bois, cavalos, galinhas, porcos, peixes, seres de uma fazenda imaginária, “no ritmo das coisas da vida”. Terra, vegetação, animais – a natureza tudo pulsa ao redor da descoberta.

E na belíssima capa da artista plástica Leonora Weissmann, um escafandrista posa diante destes versos que compõe os “corpos em marcha”.




domingo, 2 de setembro de 2018

BARFLY





“Vivemos todos numa espécie de inferno”
Wanda Wilcox

Em BARFLY – CONDENADOS PELO VÍCIO (1987) com direção do francês Barbet Schroeder, a vida de pessoas que frequentam um bar traz a dura realidade de uma classe social marginalizada. Prostitutas, bêbados, párias cuja redenção só a encontram no copo de uísque ou cerveja.

O filme conta a vida de Henry Chinaski (interpretado pelo ator Mickey Rourke – em seu melhor papel). Um escritor que perambula pelos bares, bebendo sem perder a classe e sempre entrando na porrada com seu desafeto no beco atrás do bar. Faye Dunaway faz o papel de Wanda Wilcox, sua companheira bêbada que vive sendo sustentada por outro cara.

Quando retorna para casa, Henry escuta músicas clássicas para criar seus contos. Bem, não diria uma casa, mas uma espelunca de prédio, e o seu quarto, local de paredes mofadas e sujeiras a toda sorte. Até que um dia a editora de uma revista fica interessada em seus contos e faz de tudo para conhecer o autor daquelas histórias. Intrigada como um beberrão é capaz de escrever contos interessantes, eis uma frase do próprio personagem:

“Ninguém que escreve algo de bom poderia escrever em paz”


Baseado na obra de Charles Bukowski – cuja aparição relâmpago no filme não deixa de ser percebida – condenados pelo vício traz a tona vidas despedaçadas, de amores traídos, de decepções sociais... e seus infernos pessoais.