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sexta-feira, 25 de maio de 2012

Fotografia de uma guerra


“Meus olhos são pequenos para ver
a massa de silêncio concentrada
por sobre a onda severa, piso oceânico
esperando a passagem dos soldados”.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

A paisagem da Primeira Guerra Mundial é assustadora. Ela retrata o limite da incompreensão humana. Não há lugar para as cores alegres e vivas como o amarelo, verde ou azul. Soa há cores neutras. O céu, nos campos de batalha, é o reflexo espelhado dessa realidade. O que me faz refletir acerca deste quadro. E sou transportado para lugares longínquos onde existem soldados por todos os lados. Isto é a guerra: as trincheiras estão alagadas após a chuva. As ordens são recebidas. Os soldados avançam. Empunham suas baionetas. Encontram com outros soldados (inimigos?). Um atira, o outro revida. Começa o tiroteio. Metralhadoras são acionadas. Disparadas. Morteiros lançam bombas. Explodem. Posso escutar os estrondos. Começa a batalha. As ordens foram obedecidas. Espetáculo sinistro: gritos, agonia, corpos despedaçados... Ventres destroçados... Sangue, água e terra formam uma mistura homogênea. Cadáveres abandonados ao relento. Quem liga para os corpos? Soldados sem vida pendurados no arame farpado. O arame é uma prisão. É dor. Desespero... A guerra é traiçoeira: furta a vida de inocentes. As trincheiras são cemitérios onde as moscas fazem festa depois de um confronto. Abutres, não existem. Em um descampado, outrora uma floresta, jazem troncos nus no terreno movediço. Há cruzes no atoleiro. E nesse descampado, quem é morto? Quem é ferido? Não sei. Parece coisa só: massa de corpos. Mortos e feridos afundam na lama. E os tanques esmagam os soldados. Ajudam a enterrar... O lança-chamas tem um poder maligno: homens ceifados pela cuspida de fogo. Os aviões de asa dupla semeiam balas para todos. A guerra revela-se ordinária e incompreensível. É a devastação total! Os soldados retornam dos campos de batalha. Combateram em trincheiras e Deus estava com eles.

O saldo da guerra: alguns caminham normalmente, uns apoiados nos próprios rifles ou amparados por amigos, e outros, ainda piores, carregados em padiolas. Neste palco de batalhas absurdas figura-se a paisagem irreal.

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